quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Tudo tão complicado



E hoje eu só preciso de uma resposta antes que a noite chegue, antes que eu saia com minhas meias de arrastão para uma festa de esquina, para fugir de algum jeito disso tudo. Só preciso de uma. Será que você consegue respondê-la? Por que temos que complicar tudo? E quando falo tudo, é tudo mesmo. Eu quero fugir. Queria abrir um grande buraco no chão, me aconchegar ali e passar uns meses. Sem ter que lidar com tudo isso. Sem ter que lidar com pessoas, com relacionamentos, comigo mesma. Me cansei de mim. Cansei-me a mim mesma. Não me aguento mais. Mas não posso fugir de mim como fujo das pessoas - o que faço mais vezes do que gostaria de admitir -, tenho que me aguentar, essa pequena voz irritante dentro de minha cabeça, que um segundo sequer me dá chances para tampar sua boca.
 Mas isso não é a resposta para minha pergunta. Vou repetir: Por que temos que complicar tudo? Impor tantas regras, tanto as que estão escritas formalmente tanto as que foram preconcebidas para que os relacionamentos sigam uma linha igual, contínua. Só não quero lidar com minha vida, com tudo lá fora. Eles complicam demais. Não facilitam as coisas para mim. Não sei as regras. Não sei segui-las. Poupe-me das brigas, por favor, eu te imploro, das broncas, das consequências. Não sei lidar com elas. Sei lidar apenas com as regras. Ou melhor, em quebrá-las. Mas não com as consequências. Não, não sei lidar com o que causa meus atos. E nunca vou entender como podem causar tamanha repercussão. 
 E agora você entende por que eu fugi? Não só de você, não só das pessoas, mas de tudo. Quando as coisas chegam a níveis sérios, eu simplesmente mergulho. Tento calar todas as vozes exteriores com as bolhas que se formam na piscina de minha mente, resquícios de minha respiração falha. Falha. Só arfo. Não aguento mais puxar ar para dentro de meus pulmões cansados, acabados. Só que está tudo errado. Complicado demais. Será que apenas  eu percebo a burocracia de todo o mundo?
 Eu percebi isso tudo no momento em que eu não sabia o que seus sinais significavam. Você não sabia o que queria de mim. Eu sim. Eu sempre soube. Eu sempre sei. Se falo ou não, a coisa é diferente. Em seu caso, havia algo na frente que me impedia de chegar ao meu oitenta e parar com os sinais. Foi aí que eu percebi toda a burocracia de um relacionamento. E também que eu não estava pronto pra ela. 
Cave meu buraco, por favor. Porque minhas unhas estão em carne viva, e meus dedos esfolados. Não posso mais cavar. E não há nenhum instrumento para que eu possa usar. 

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