segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Falando sobre Cidades de Papel


Acabei de terminar de assistir Cidades de Papel, precisamente, 1 minuto atrás. Ainda não sei direito o que falar dele, se não que é simplesmente maravilhoso, e agradecer muito por não ser aquele tipo de pessoa que não assiste porque " aí John Green é modinha". Sobre essas, tenho duas coisas a dizer que a) quem disse que toda modinha é ruim? e b) ultimamente modinha é não ser modinha, assim como é moda não seguir a moda. 




"Uma cidade de papel para uma menina de papel. (…) Eu olhava para baixo e pensava que eu era feita de papel. Eu é que era uma pessoa frágil e dobrável, e não os outros. E o lance é o seguinte: as pessoas adoram a ideia de uma menina de papel. Sempre adoraram. E o pior é que eu também adorava. Eu tinha cultivado aquilo, entende? Porque é o máximo ser uma ideia que agrada a todos. Mas eu nunca poderia ser aquela ideia para mim, não totalmente."

Lembro que falando sobre o livro com uma amiga minha, ela disse que não tinha gostado da história porque ela não focava na personagem interessante, que é Margo Roth Spielgelman, que no filme é interpretada pela Cara Delavigne. Mas ela está errada. Quer dizer, realmente o foco da história não é Margo. O foco é o que Margo faz na vida dos outros, provoca neles - uma viajem de 1.000 e poucos quilômetros, um amor louco e uma mudança drástica no jeito de pensar e como combo dois relacionamentos fortes. Margo Roth Spielgelman é um mito. É o tipo de gente que eu gostaria de ser. É interessante, e vive de aventuras, todos os dias com um novo tipo de frio na barriga. Ela é um enigma. Mas, como Q - o narrador da história - diz, ninguém pode ser ela. Não tem como haver uma nova Margo. 

Primeiramente, ela realmente nos faz pensar sobre esse nosso modo de levar a vida. Quando eles estão no mercado, ela pergunta a ele qual seus planos para o futuro. E ele diz o óbvio, que é o que a maioria das pessoas falaria. Que quer se formar, ter um bom trabalho, casar e ter filhos aos 30 anos. Ela olha pasmada e responde: " Não tem nada que te faça ficar feliz agora? ". Eu lembro que no livro ela vai um pouco mais a fundo sobre isso. Que é o que todos querem. Ela coloca isso como um ciclo vicioso ridículo: Se formar, casar, ter um bom trabalho, para que seus filhos se formem, tenham um bom trabalho, se casem, para que seus filhos possam ... ( e eternamente, até que apareça alguém como Margo Roth Spielgelman na árvore familiar.) E Margo não vive assim. Ela aproveita tudo. 

A única parte que não gostei no filme é que eles realmente cortaram MUITO da primeira parte da história, que é a que ela [Margo] aparece na janela do Quentin com nove coisas para fazer. Tiraram a parte em que eles invadem o parque, em que ela está no carro pintando as unhas enquanto ele se acalma, a parte engraçada da coisa, em que eles ficam brincando sobre quem fala palavras mais difíceis. Aí eu faria um ode ao que minha amiga disse e assinaria embaixo: realmente no filme eles deixaram de focar muito na Margo, e mesmo que ela não fosse essencialmente a protagonista, poderiam realmente deixar mais cenas dela, e não cortar tanto o filme, porque ninguém liga para 3 horas seguidas contanto que o diretor leia o livro, não é? E contanto que não tenha uma hora de gente andando na floresta como em O Hobbit. 

Mas, enfim, a discussão central é que: Margo é só uma garota. Uma garota de papel numa cidade de papel. Ela se sente de papel. E, quando ela disse isso, eu entendi completamente, porque também me sentia assim. Papel. Tão frágil e fútil, que pode ser amassado, jogado no lixo, rasgado. Apenas parte de um jogo. Apenas. Nada de plástico, nada de um material mais forte. E, no fim, ela age como uma garota de papel, ela age como o mito - aquela que foi num show e conseguiu entrar dizendo que era a namorada do baixista[guitarrista, não lembro], entrou e no fim dispensou o cara da banda -, ela agiu como eu achei que agiria, no final. Mas não quero dar spoilers. 

Foi realmente um filme que me fez pensar muito. 
E se você não assistiu porque é modinha, YA e bláh bláh, sugiro que volte ao primeiro parágrafo ou leia isso aqui. 



"É muito difícil ir embora - até você ir embora de fato. E então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil do mundo."

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