sábado, 11 de abril de 2015

Man Ray

 Estarei sendo sincera. Nunca fui muito ligada à fotografia e cinema. Até que eu descobri minha grande e perfeita paixão: Tarkovski. Sim, não é muito fácil de se aprender a escrever, erro até agora. Tenho um ensaio dele colado em minha parede, no quarto. Foi minha primeira opção quando foi passado a mim um trabalho sobre artistas-fotógrafos. Má notícia. Tinha uma listinha de nomes à seguir. Fiz birra e beicinho mentalmente. Mudanças, inclusive de gostos, não são meu forte.
 Felizmente, qualquer coisa nova é boa. Ou não. Enfim. Foi aí, nessa listinha, que fui engrandecendo meu beicinho a cada novo nome que me decepcionava. Aliás, qual é o problema com os artistas-fotógrafos em fotografar outra coisa que não seja natureza, doenças e situações tristes? Com tenacidade, encontrei dentre tantos nomes essa peculiaridade, essa flor, essa maravilha: Man Ray, ou Emmanuel Radnitzky. Antes de deixar-me opinar, veja:






 Perfeitas, não? Ele tem uma melancolia aparente em suas fotos. Uma revolta. Uma anti-arte. Uma especulação que vai ao fundo, que diz, com todas as palavras: " Até que ponto algo pode ser arte? O que faz a arte? ". Ele retrata coisas fora dos padrões. Nudismo, homossexualismo. Tinha técnicas de laboratório, em vez da " incolumidade " de muitos artistas. Como ele mesmo diz: " Não fotografo a natureza, fotografo as minhas fantasias. "  Ele fotografava - e fotografa, até hoje - sua própria mente. 
 Flertava tanto com o dadaísmo, com o surrealismo e várias outras formas de arte. Mas não podemos enquadrá-lo em uma delas. Ele era único. Individual. Tinha uma incolumidade de alma, de ser. 
 Nasceu em 1890, nos Estados Unidos, na Filadélfia. Cedo, mudou-se para New York. Foi engenheiro -coisa que influencia suas fotografias minimalistas -, um artista completo. Geralmente, fazia suas fotografias em estúdios, junto com suas modelos. Suas. Não enfatizo a posse, mas o gênero dessa palavras. Ele retratava muito a essência feminina em suas obras. Tanto que chegou a ser fotógrafo de moda, trabalhando para a famosa revista VOGUE. 
 Teve seu ápice nos anos 20, logo após A Grande Guerra. Uma época em que o mundo se achava perdido. Se recriando, montando suas peças. Na sociedade europeia, uma ideia repontava: o mecanismo. Eles acabavam de ser vencidos pelas máquinas. Tinham que ser enfiados em trincheiras, porque suas armas, sua tecnologia, era muito avançada para suas estratégias, para o campo aberto. Estavamos sendo vencidos pelas máquinas, repito. Isso também pode ser percebido nas fotografias de Man Ray. Eram estáticas, sem movimento, paradas. Ele tinha uma técnica de expor as fotos ao sol, para que elas ficassem com um jeito metalizado. Deixava suas modelos como verdadeiros robôs. 
 Não posso fugir dessa melancolia que me atrai toda vez que olho para suas fotografias, que são compassadas por minhas lembranças dos prelúdios de Chopín, quando as vejo. Não posso fugir da vontade de olhar para suas fotos, de me reconhecer nelas, não posso criar bloqueios para meus próprios sentimento... Feliz ou infelizmente.

 " Despreocupado, mas não indiferente. " 
  - Frase escrita no túmulo de Man Ray. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário