segunda-feira, 4 de maio de 2015

Desabafo.

 Quando chegamos, ou estamos chegando, ao Ensino Médio, uma torrente de informações caí sobre você. As pessoas falam que é o momento em que você decide o que vai fazer da sua vida. Achar uma faculdade que seja algo de que você goste, que te de dinheiro, e de preferência, uma federal. Esqueceram de nossas idades. " Ah, se você quiser passar numa federal, estude desde já." " Se quer fazer uma faculdade em outro país, comece a fazer isso e isto e aquilo. " O problema é que não estamos preparados psicologicamente para toda essa pressão, para ser adultos. Então, você fica com medo: se eu não fazer o que dizem, eu posso estragar com minha vida. Se eu fazer, também posso. Aliás, o que eu quero mesmo?
 Sempre fui uma boa aluna. Boa, não ótima. Sempre tive aquela sensação de que eu não sou boa o bastante. Que não sirvo para ter vários 10 nas médias. Que não sirvo para ir bem no ENEM e nos vestibulares. E se eu não fizer isso? E se esse meu medo me deixar numa letargia e numa covardia e, no fim, eu me arrepender profundamente de ter duvidado de mim mesma?
 Estou extremamente revoltada. Por que você não pode simplesmente fazer um teste, enfiarem um alucinógeno em você, e descobrir assim, qual seu sentido na vida, quem você deve ser, a que grupo você deve pentencer? E se eu errar? É o que me pergunto constantemente. E se eu fazer cinema na FAAP e descobrir que não é isso que quero? E se perder um ano de minha vida estudando pra Medicina e não passar? Ou pior, passar, e descobrir que não é aquilo que eu quero? E se eu conseguir uma faculdade nos EUA e depois perceber que eu não me encaixo ali? E aí? E se eu errar?
 Me perguntaram uma vez que personalidade eu queria ser, se eu pudesse escolher. Você não pode, infelizmente. Pois bem, eu queria ser aquela garota ousada, contra as normais sociais, que tem sua própria moral, que vive para si mesmo. Que não tem vergonha de fazer o que quer, de dizer o que pensa. Que aproveita a vida. Que escolhe o que quer fazer, e é perdidamente apaixonada por aquilo que faz. Que não tem medo de errar. Que não duvida de si mesmo. Que sabe que o impossível é inexistente. Queria não ser uma pessoa que tem uma vida considerada boa pelas outras menos afortunadas, para poder me lastimar e padecer de minha própria dor. Queria ser os que estão acima de mim, os mais afortunados.
  Queria não ter medo. Retomo. Por que existe esse sentimento? Para que você não faça as coisas. Para que você tenha noção de que aquilo é perigoso, que compromete sua existência. Que, muitas vezes, te impede de viver conforme quer viver.
 Mas eu não posso fugir desse medo ou ser quem eu queria ser.
 Não posso escolher, infelizmente. E, mesmo se pudesse, teria medo de escolher.

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