quinta-feira, 7 de maio de 2015

Laranja Mecânica - Resenha antiga

 Achei, esses tempos, uma resenha de um dos meus livros favoritos, que eu escrevi no começo do ano, quando comprei a edição especial de 50 anos dele, que é simplesmente perfeita. É um dos meus xodós, que eu não deixo ninguém tocar. Tem um design perfeito, com extras igualmente maravilhosos. Aqui segue:
 " Resenha de Laranja Mecânica de Anthony Burgess - e não de Stanley Kubrick.
   Burgess é um gênio. Essa, com certeza, é a resenha mais difícil que tenho para escrever. Falemos da história. O protagonista é Alex, de 17 anos, o delinquente que faz tudo do que poderiamos enquadrar como ruim em tempos de paz: estupra, mata, rouba, espanca e etecetara. A primeira parte do livro fala sobre o Alex imaturo e nadsate e agressivo. Como o próprio autor diz, Alex é dotado de 3 coisas: linguagem - suas gírias inglesas e palavras russas -, sua admiraçao pela beleza da música, o que eu chamaria de seu ponto de humanidade - ele adora Beethoven - e, claro, sua agressividade.
Foto do google.
Mas, então, Alex conhece o amargor da traição por seus druguis, e é pego pelos rozas. Aí começa a segunda parte: onde a realmente triste acontece, pois, como é narrado em primeira pessoa, podemos sentir muito mais a dor de Alex que a de suas vítimas. Na prisão estatal, ele é levado para o tratamento ludovico: ele é obrigado a assistir filmes sobre violência, que são associados a dor, mal-estar e sede provacada por um líquido que injetam nele. Ele é obrigado a um bem imposto.
 Bem, eu acredito que o mal tem sim níveis: furtar e matar nunca serão coisas iguais. E, como o próprio autor diz: " o assassinato da alma - que é o equivalente à capacidade de escolher entre atos de bondade ou maldade. Imponha a um indivíduo a capacidade de ser bondoso e apenas bondoso, e você matará sua alma. E esse é o ato de maldade definitivo. " 
  Quando até o delinquente do Alex diz que não faria isso, por que o Estado faria? Esse é o ponto do sermão de Burgess: o que é melhor, a alma escolher o mal ou um condicionamento imposto ao bem?
 E, ultrapassando sua própria genialidade, ele explica nos extras que o dicionário nadsat, a " língua " de Alex, que no começo eu reclamava de estragar a leitura, não ser em vão: você fez uma lavagem cerebral. Mesmo não querendo, após ler o livro, você é imposto a conhecer algumas palavras em russo: litso, vek, vekio, videar, ruka, starre, slovo... Isso torna o livro mais profundo ainda.
Foto também do google.
Eu queria falar sobre a escrita do livro, mas não posso. As vezes, a achava entediante, outras, animada, algumas, parecida com um sermão, e assim vai...
Alex, no fim, é um personagem com quem eu loucamente quero conversar. E, ah, claro, os desenhos dessa edição: perfeitos. Eles acompanham bem V.H.N: retratam bem cada parte e cada amadurecimento. 
 Mas, falando de Kubrick: The singing in the rain... Just sing' in the rain...  "
 Vou copiar aqui uma parte do livro que é uma das minhas preferidas, para que vocês sintam o gostinho: " Mas, irmãos, esse negócio de ficar roendo as unhas dos dedos do pé sobre qual a causa da maldade é que me torna um maltchik risonho. Eles não procuram saber qual a causa da bondade, então por que ir à outra loja? Se os plebeus são bons é porque eles gostam, e eu jamais iria interferir com seus prazeres, e o mesmo vale para a outra loja. E eu frequento a outra loja. E mais: maldade vme de dentro, do eu, de mim ou de você totalmente odinokis, e sse eu é criado pelo velho Bog ou Deus, e é seu grande orgulho e radóstia. Mas o não eu não pode ter o mau, quer dizer, eles lá do governo e os juízes e as escolas não conseguem permitir o mau porque não conseguem permitir o eu. "
 Lembra do que eu falei no meio da resenha, sobre Alex ter dito que nem ele mesmo seria capaz de obrigar a ser uma pessoa ou somente bondosa ou somente maldosa? Está aí: " e eu jamais iria interferir com seus prazeres". Escrever o livro em primeira pessoa de faz ver que quem é realmente mau não é Alex, o delinquente que mata, estupra e bláh bláh. Os verdadeiros maus da história, é o governo, são os médicos, o povo que o obrigou ao bem.
 Você percebe como esse tratamento ludovico é inapropriado pelo amor de Alex à música. Ele adora Beethoven que, infelizmente, é o pano de fundo dos filmes de violência que ele é obrigado a assistir. Assim, a naúsea e o mal-estar também é associado às músicas de Beethoven, e ele nunca mais pode escutar seu grande músico que ama. No filme de Stanley Kubrick, tem uma cena quando  um velho, do qual ele matou a mulher, o obriga a ouvir a nona sinfonia, e aquilo dá uma confusão e um desespero tão grande no protagonista, que você mesmo começa a gritar mentalmente, pegando o desespero de Alex: " PELO AMOR DE DEUS, FAÇAM ISSO PARAR".




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