domingo, 3 de julho de 2016

Epifania da liberdade


 O que é liberdade? Liberdade é ter direito de ir e vir? Direito de poder fazer o que quiser até que isso influencie outra pessoa? Liberdade existe? Eu li uma newsletter nos últimos dias que falava que liberdade é se livrar tanto do que te prende por fora como do que te prende por dentro. Daquilo que você acha que é seu, mas na verdade foi porque você cresceu com aquilo e não é seu não. Ou seja, é se livrar de seus próprios desejos. É exatamente essa a ideia do meu escritor favorito.  Liberdade é se livrar de você mesmo. Do que te prende por dentro. Liberdade é negar. Negar até mesmo si próprio.

   Esse assunto de liberdade pulou assim do nada porque eu ando me sentindo muito presa. Como se tivesse literalmente algemas em meus pulsos. Algo prendendo minha garganta - e não só o choro. Eu me sinto exposta em qualquer lugar ao qual eu vá. Em meu próprio quarto é como se as paredes não fossem paredes mas sim grades. Como se tivesse sempre  alguém me vigiando. Eu não consigo fazer nada porque a menor ação me dá medo de que me apontem dedos, briguem comigo. Eu estou sufocando. Eu estou afogando. Tem água dentro dos meus pulmões e eu tusso, tusso e ela não saí. Continua trancando minha respiração. Mais alguns segundos e eu morro. 


   É uma sensação que não me deixa. Está ali em todo momento. Todos os segundos eu estou exposta, aberta, com medo de que alguém me julgue por ser quem sou. Não sabia que poderia haver tamanho medo em uma sociedade do século XXI, livre. Mas é uma liberdade velada. Que na verdade verdadeira, só existe no papel da constituição. Não no povo. Não na minha casa. Não na minha pele. Não em mim. Meus pulmões estão cheios de água. E são meus últimos segundos de vida. Eu continuo sufocando. Sufocando. E nada parece me salvar disso. 

  Não que eu não queira ser salva. Eu penso em fugir daqui. Deixar tudo que me prende. Esse lugar, essas pessoas. Eu quero ir para bem longe, sem ninguém que eu conheça, sem nada que me lembre daqui. Viver outra vida. Deixar uma pequena carta e ficar meses sem dar sinal de vida. Não quero ver os mesmos rostos novamente. Não quero a mesma rotina. Não quero ter de viver uma vida em que eu não tenho liberdade de ser quem eu sou. Se eu não posso agir como quem sou, eu preciso fugir daqui antes que morra. Quero ir para longe. Quero mudar drasticamente. Quero tossir até que meus pulmões saiam pela boca. E cuspi-los para longe. Porque eu não quero respirar mais esse ar. 




 Enquanto penso em ir para longe, continuo exposta.

 Mas então eu penso se mesmo quilômetros e quilômetros longe daqui, eu estaria livre. E voltamos ao primeiro parágrafo. Vai ver eu estou sendo exposta por mim mesma. Eu preciso me livrar de mim mesma. Essa crise está presa em mim, entranhada no mais fundo de minha mente e em qualquer lugar do mundo ela vem à tona. É algo que eu nunca vou me poder livrar. É só esperar o tempo da água proibir qualquer respiração e meu corpo morrer por falta de oxigênio. Prevejo que será logo logo.  

P.S: Se você não entendeu o que Fight Club tem a ver com isso, assista e entenda.

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