segunda-feira, 11 de julho de 2016

Porque é horrível isso de

falarmos que só quando estamos mal e tristes é que escrevemos bem. Bem, talvez seja verdade, mas só porque é verdade não quer dizer que deixa de ser horrível. Dois dos textos que eu escrevi aqui e mais gostei foram escritos quando eu estava descrente com tudo e com todos, achando que o mundo era uma merda ou que eu era uma pessoa perdida que nunca conseguiria nada e estaria destinada aos meus saltos tilintando em calçadas depois de uma noitada como da Carmen (sim, esse é um dos textos, o outro é esse ). 

  Nós falamos que quando estamos tristes escrevemos bem porque para escrever, você precisa ter um sentimento falando mais alto do que você, sua alma gritando e a única forma de saciar ela é escrevendo. É como uma válvula de escape. Mas a ideia é horrível por isso  mesmo. Porque dá pra supor, então, que tristeza é o sentimento que mais nos afeta. Nós não temos grandes felicidades, paz, alegrias, raivas, paixões e vontades que nos forcem a escrever para que isso acalme um pouco (ou talvez nós não queremos acalmar isso, embora escrever sobre às vezes não acalme, só aumente ).

Nada poderia ilustrar tão bem esse post como um gif de Lana del Rey em Ride.

 Precisamos deixar que outros sentimentos nós afetem tanto assim, preencham toda a nossa alma a ponto de ser insuportável guardar isso só para nós mesmos. Assim como fazemos com nossas tristezas. Precisamos (preciso) escrever sobre alegrias e paixões de forma que, quando acharmos os textos, pudermos olhar com um sorriso de bons sentimentos que passaram e ficaram ali, guardados apenas nas letras. Assim como fazemos nos textos sobre tristezas e dores. 

Falando sobre isso, estou reescrevendo uma ideia que talvez dê em algo. É uma história sobre egoísmo, salvar o mundo e crises pessoais. E o quanto o sofrimento alheio é mais importante que o nosso. Talvez dê em algo. Talvez. Ênfase no talvez.

E então, nessa de escrever sobre outros sentimentos que transbordem a alma além da tristeza, aqui está um pedaço de algo que escrevi no meu diário esses dias e ilustra bem o que quero falar:

"Eu quero vizinhos, ouvir barulho de pessoas e vida, conhecer gente interessante e ter um barzinho na esquina da rua. Eu quero viajar. Eu quero viver. Passar momentos com o coração na boca pra rir deles depois. Quero morar num albergue, com pessoas falando várias línguas na sala de estar. Quero ter amores de 24 horas porque vou pegar o trem de manhã. Eu quero viver. "

Adoro quando me dá essa paixão pela vida boêmia, que é a grande paixão da minha alma. Eu preciso escrever mais sobre isso e menos sobre minhas crises pessoais e minha sensação de estar perdida e oca por dentro. 

P.S: Se você não entendeu o que Lana del Rey tem a ver com o que eu estou falando, leia isso.

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