quinta-feira, 14 de julho de 2016

Precisamos falar de poligamia

   

(Halsey, essa pessoa linda e assumidamente bi que ajuda a desconstruir muito sobre;)


    Não vou passar sermão ou falar de poligamia em termos difíceis. Vou só falar sobre quando eu descobri que sou uma pessoa poligâmica. A inspiração para escrever sobre veio desse texto sobre diferente sexualidades ( e você pode conferir nele o significado de poligamia, se não souber, porque eu não vou explicar não, risos).

       A primeira questão foi que eu nunca entendi lealdade como as pessoas viam. Ficava me perguntando porque elas ficavam tão magoadas assim quando a pessoa com quem estavam beijavam ou transavam com outras. Por que você tem que sempre estar somente com uma pessoa pra ser leal? Veja bem, isso não tem a ver somente com sexo. Só porque sou poligâmica não quer dizer que vou sair ficando com todo mundo mesmo estando num relacionamento e transando com cada pessoa que aparece na minha frente - embora eu possa (a mesma desconstrução com relação à bissexualidade, só porque sou bi não quer dizer que preciso estar sempre com uma pessoa do sexo feminino e outra do sexo masculino. Assim como bissexualidade e poligamia não são coisas essencialmente ligadas). Voltando a fidelidade, não fazia sentindo na minha cabeça você tecnicamente prender uma pessoa num relacionamento, numa falsa segurança de que não vai perder ela. 

         Assim como você pode amar uma pessoa e mesmo assim ter atração sexual por outra. E por que não ceder a um desejo que pode ser uma boa experiência se o sexo casual não vai mudar o sentimento que você tem por uma pessoa? (Até porque amar não tem nada a ver com sexo.) Ceder a uma atração sexual com outras pessoas diminuiria seu amor? Obviamente, não. 

        A meu ver, poligamia tem um pouco a ver com liberdade. O que faz com que o amor seja até um pouco mais sincero. A pessoa está livre para ter outras experiências com outras pessoas, sejam românticas, emocionais ou sexuais e mesmo assim, está ali, com você. É como soltar um pássaro da gaiola e ele voltar depois de um tempo pousando no seu braço e bicando carinhosamente sua pele. Eu tive um relacionamento fechado nesses meus anos. Realmente fechado, um relacionamento em que eu não ficava com outras pessoas (com o parceiro sabendo ou não). Durou sete meses e foi algo essencialmente bom. Terminou exatamente pela monogamia. Porque eu precisava de outras experiências com outras pessoas, embora eu continuasse a amar aquela com quem eu estava, mas o nosso relacionamento não permitia isso. A questão é: eu não me sinto bem dentro de um relacionamento monogâmico porque me sinto presa. Um relacionamento aberto não envolve menos amor. 

          Tem outra coisa: " ai mas então você é poligâmica e não sente ciúmes?" NÃO! NÃO TEM NADA A VER. Ciúmes é o medo de perder a outra pessoa. É o medo de que a pessoa te troque ou que te abandone. Não tem nada a ver com a pessoa ter outras relações sexuais. Okay? Okay. 
        Relembrando: só porque a pessoa é poligâmica não quer dizer que ela é promíscua ou saí transando com todo mundo. Poligamia nem envolve somente relacionamento sexuais. Também vamos tirar da cabeça quando pensamos  sobre o assunto a imagem de  um homem com umas cinco mulheres. 
         Tem outro texto do maravilhoso Alex Castro sobre o assunto aqui.

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